Trauma não é só psicológico; também é biológico
- felipe90136
- 24 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de mai.
Quando falamos em trauma, muita gente ainda pensa apenas em experiências intensas vividas na infância — como negligência, abandono ou violência direta. Mas a ciência tem mostrado que o impacto do trauma vai muito além da mente. Ele também deixa marcas no corpo — e até mesmo nos genes.
Sim, o trauma pode ser herdado.
Esse fenômeno é estudado pela epigenética, um campo da biologia que investiga como fatores ambientais, como estresse, abuso ou privação, podem alterar a forma como nossos genes se expressam — sem mudar a sequência do DNA em si. Esse processo ocorre por meio da metilação, uma espécie de marca química que “liga ou desliga” certos genes em resposta a experiências vividas.
O mais impressionante? Essas marcas biológicas podem ser transmitidas de geração em geração.
Por exemplo, estudos com descendentes de sobreviventes do Holocausto revelaram que muitos deles já nascem com uma sensibilidade aumentada ao estresse, mesmo sem terem vivido diretamente os traumas dos pais ou avós. Essa “memória biológica” pode se manifestar de diversas formas: ansiedade, hiperalerta, dificuldade de regulação emocional, sensação constante de ameaça ou reatividade intensa em relacionamentos.
Isso nos leva a uma reflexão importante: e se algumas das dores que você carrega hoje não forem inteiramente suas?
É possível que certos padrões emocionais, medos ou reações desproporcionais sejam, na verdade, ecos de vivências traumáticas que vieram antes de você — herdadas biologicamente, mas que hoje podem ser compreendidas, cuidadas e transformadas.
A boa notícia é que epigenética não é destino.
Ambientes seguros, vínculos afetivos saudáveis e, sobretudo, o processo terapêutico têm o poder de reprogramar esses padrões. Ao nos acolhermos com consciência e buscarmos caminhos de cura, podemos interromper ciclos antigos — e criar novas histórias para nós e para as próximas gerações.
Se você sente que carrega dores que não consegue explicar racionalmente…
talvez, de fato, elas não tenham começado com você.
E reconhecer isso pode ser o primeiro passo para a sua cura.
Felipe Garcia
Psicólogo - CRP 05/79364



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